domingo, 6 de janeiro de 2013

As drogas no Brasil

No dia 9 de junho, o Centro de Extensão Universitária, em São Paulo, promoveu o evento "Drogas: Prevenção e Tratamento". Dirigido a pais, professores, médicos e diretores de escolas, o evento contou com a presença de quatro especialistas no combate às drogas: o ex-secretário nacional antidrogas Walter Maierovitch, o psiquia-tra Arthur Guerra Andrade, o delegado do Denarc (órgão governamental que reprime a oferta e o tráfico de drogas) Alberto Angerami e o diretor da Comunidade Terapêutica Horto de Deus, Léo Oliveira.
Os palestrantes foram unânimes em afirmar que o problema das drogas é grave. Muitos jovens estão se tornando dependentes de um negócio que movimenta cerca de 3 a 5% do PIB mundial, segundo estimativas da ONU. Walter Maierovitch disse, como publicou Interprensa em maio (As drogas no mundo, n.º 46), que o consumo de heroína e cocaína diminuiu. Porém, o ex-secretário nacional antidrogas apontou um novo problema: o crescimento do consumo de drogas sintéticas, como o nexus e o flat-liner, substitutos da cocaína usados na Europa. Maierovitch aponta que a fabricação da droga é simples: "Basta o acréscimo de algumas moléculas para se obter uma nova 'droga de embalo'."
O psiquiatra e coordenador geral do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas do Hospital das Clínicas, Arthur Guerra Andrade, mostrou os resultados da pesquisa realizada entre estudantes da Universidade de São Paulo de 1997 até hoje (disponível no site: www.usp.br/medicina/grea). Guerra Andrade disse que o consumo de maconha entre os estudantes cresceu de 19% para 25% nos últimos cinco anos, apesar das campanhas realizadas na universidade. Os dados da pesquisa mostraram a relação entre o consumo excessivo de álcool e o uso de drogas. O psiquiatra também alertou para o fato de que as propagandas de bebida alcoólica estão sendo dirigidas ao público infantil, com animações de tartarugas e siris: "Meus filhos adoram essas propagandas. No futuro, certamente essas propagandas vão voltar à mente deles."
A mesma tendência foi apontada pelo delegado do Denarc Alberto Oliveira. Ele citou uma pesquisa realizada pelo próprio órgão, mostrando que o jovem consumidor de álcool tem 60% mais chance de se tornar um dependente de drogas. "40% dos homicídios acontecem no trajeto boteco-casa ou casa-boteco", afirma o delegado. E conclui: "Para mim, o álcool é a pior droga. Ou melhor, a segunda. A pior é a falta de valores e exemplos dos pais."
O delegado apresentou três propostas para a diminuição do consumo de drogas: a inclusão de matérias sobre prevenção no currículo escolar; a proibição da publicidade que enalteça o cigarro e as bebidas alcoólicas; e o encaminhamento de usuários e menores de 18 anos para clínicas ou grupos de ajuda ao dependente.
Léo Oliveira, diretor da Comunidade Terapêutica Horto de Deus, destacou o papel da permissividade da família: "O jovem chega bêbado em casa e o pai acha bonito. Drogado não, mas bêbado pode."
No suplemento Entrevista deste mês, Léo Oliveira traz mais detalhes sobre o seu trabalho e explica como ajudar os filhos com o problema das drogas.

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